CAPÍTULO 15
Psicologia institucional e
processo grupal
A nossa vida cotidiana é demarcada pela vida
o tempo todo nos relacionando com outras pessoas. Mesmo quando
ficamos sozinhos, a referência de nossos devaneios são os outros:
pensamos em nossos amigos, na próxima atividade — que pode ser
assistir a aula de inglês ou realizar nova tarefa no trabalho (que,
provavelmente, envolverá mais de uma pessoa); pensamos no nosso
namoro, em nossa família. Raramente encontraremos uma pessoa que
viva completamente isolada, mesmo o mais asceta dos eremitas levará,
para o exílio voluntário, suas lembranças, seu conhecimento, sua cultura.
Por encontrarmos determinantes sociais em qualquer circunstância
humana1, podemos afirmar que toda Psicologia é, no fundo, uma
Psicologia Social.
Talvez seja por isso que nossas vidas encontram sempre uma
certa regularidade, que é necessária para a vida em grupo.
1 Silvia Lane é a autora contemporânea da Psicologia Social que melhor fundamentou esta afirmação (in
Lane, S. T. M. & Codo, W. Psicologia Social: o homem
1982), contudo, Sigmund Freud, em 1921, já afirmava que “na vida mental individual aparece integrado
sempre, efetivamente o ‘outro’, como modelo, objeto, auxiliar ou adversário, e deste modo, a psicologia
individual é ao mesmo tempo e desde o principio uma psicologia social, no sentido mais amplo, no
entanto, plenamente justificado.”(ln Freud, Sigmund. Psicologia de Ias Masas y Analisis del Yo. Obras
Completas, v. III. Madrid, Ed. Biblioteca Nueva, 1973. 3ª ed. p. 2563.)
As pessoas precisam combinar algumas regras para viverem
juntas. Se estiver num ponto de ônibus às sete horas da manhã, eu
preciso ter alguma certeza de que o transporte aguardado passará por ali
mais ou menos neste horário. Alguém combinou isso com o motorista.
Dependemos do outro em nosso cotidiano. Um funcionário precisou abrir
o portão da escola, cujas dependências já estavam devidamente limpas;
um professor nos espera; ao chegar à escola, encontro colegas que
também têm aulas no mesmo horário. A esse tipo de regularidade
normatizada pela vida em grupo, chamamos de institucionalização.
Dada a importância da vida dos grupos (e em grupo) e do processo
de institucionalização,, estes dois temas têm se destacado [pg. 214]
ultimamente no campo da Psicologia Social. O primeiro é recorrente e
pode-se dizer que, apesar de sua atualidade, é um tema clássico.
Estamos falando da Psicologia dos Grupos, a qual preferimos chamar de
Processo Grupal. O segundo tema — Psicologia Institucional — só é
encontrado na literatura especializada a partir da metade do século 20.
De certa maneira, estes temas estão interligados, e isso nos levou a
abordá-los em um mesmo capítulo.
A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA REALIDADE
Para entendermos a Psicologia Institucional, precisamos, primeiro,
conhecer o processo de institucionalização que ocorre em nossas
sociedades. Na realidade, vivemos mergulhados em instituições e, por
isso, antes de entrarmos no assunto, devemos desfazer algumas
confusões muito comuns geradas pelos vários entendimentos do que
seja “instituição”. O termo é utilizado, de forma corriqueira, para designar
o local onde se presta um determinado tipo de serviço — geralmente
público, como os serviços de saúde e social. Freqüentemente ouvimos
alguém mencionar que trabalha na instituição tal, ou somos orientados a
procurar determinada instituição para resolver um tipo de problema. E o
caso dos hospitais e centros de saúde, ou dos locais que atendem a
crianças e adolescentes. O termo instituição também pode ser
empregado para determinadas organizações sociais, como a família —
“A família é uma instituição modelar” — frase mencionada com certa
freqüência. Entretanto, quando falarmos aqui no termo instituição, não
estaremos nos referindo a esses sentidos mais conhecidos e utilizados
no nosso dia-a-dia. Mas, antes de definirmos o termo, vamos identificar a
origem do processo de institucionalização da sociedade, o que nos
permitirá entender melhor a referência teórica na qual estamos nos
fundamentando.
O PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO
O processo de institucionalização, de acordo com Berger e
Luckmann — autores muito usados para definir como se dá a construção
social da nossa realidade — começa com o estabelecimento de
regularidades comportamentais. As pessoas vão, aos poucos,
descobrindo a forma mais rápida, simples e econômica de desempenhar
as tarefas do cotidiano. Vamos imaginar o homem primitivo: no momento
em que começou a ter consciência da realidade que o cercava, ele
passou a estabelecer essas regularidades. Um grupo social que vivesse,
fundamentalmente, da pesca, estabeleceria formas práticas que
garantissem a maior eficiência possível na realização [pg. 215]
da tarefa.
Pode-se dizer que um hábito se estabelece quando uma dessas formas
repete-se muitas vezes. Um hábito estabelecido por razões concretas,
com o passar do tempo e das gerações, transforma-se
que acontece? As bases concretas, estabelecidas com o decorrer do
tempo, não são mais questionadas. A tradição se impõe porque é uma
herança dos antepassados. Se eles determinaram que essa é a melhor
forma, é porque tinham alguma razão. Quando se passam muitas
gerações e a regra estabelecida perde essa referência de origem (o
grupo de antepassados), dizemos, então, que essa regra social foi
institucionalizada.
A monogamia — o casamento somente entre duas pessoas —
pode ser considerada uma dessas instituições. É sabido que as
sociedades primitivas não a
conheciam. Os casamentos eram
poligâmicos. A monogamia surge,
então, na Grécia antiga e no
Oriente Médio com o estabelecimento
da propriedade privada e
a descoberta da paternidade
biológica. Entre os povos
primitivos, o papel de pai era
atribuído ao irmão materno mais
velho; as famílias eram
matrilineares (baseadas na linhagem materna) e, provavelmente,
imperava o matriarcado. No início do modo de produção escravagista da
organização social antiga (como foi o caso da Grécia), o surgimento das
cidades, da propriedade privada e a descoberta da paternidade biológica
colocavam o homem da época diante de uma questão: a herança. As
pessoas (no caso, os homens) que acumulavam riquezas durante sua
vida não tinham para quem deixá-las. A família paterlinear e o casamento
monogâmico foi a forma de organização encontrada que definia,
claramente, uma maneira de perpetuar a propriedade através da
herança. O filho passou a ser o herdeiro dos bens paternos. Para isso,
estes homens proprietários passaram a estabelecer, como regra, que
suas mulheres deveriam manter relações sexuais somente com eles
próprios (em função da descoberta do funcionamento da paternidade
biológica) e, assim, teriam certeza de que o filho lhes pertencia. Hoje,
qualquer pessoa de nossa sociedade ocidental, se questionada sobre a
monogamia, dirá que o casamento se dá desta forma porque “é natural”.
Curiosamente, ainda hoje temos culturas, como a muçulmana, que não
adotam a monogamia como regra e, apesar dessa evidência contrária,
alguém de nossa cultura continuará considerando a monogamia natural.
A este fenômeno chamamos de instituição. [pg. 216]
A repetição de uma tradição é a base do processo
de institucionalização.
INSTITUIÇÕES,
ORGANIZAÇÕES E GRUPOS
A instituição é um valor ou regra social reproduzida no cotidiano
com estatuto de verdade, que serve como guia básico de comportamento
e de padrão ético para as pessoas,
se reproduz e o que menos se percebe nas relações sociais. Atravessa,
de forma invisível, todo tipo de organização social e toda a relação de
grupos sociais. Só recorremos claramente a estas regras quando, por
qualquer motivo, são quebradas ou desobedecidas.
Se a instituição é o corpo de regras e valores, a base concreta da
sociedade é a organização. As organizações, entendidas aqui de forma
substantiva, representam o aparato que reproduz o quadro de
instituições no cotidiano da sociedade. A organização pode ser um
complexo organizacional — um Ministério, como, por exemplo, o
Ministério da Saúde; uma Igreja, como a Católica; uma grande empresa,
como a Volkswagen do Brasil; ou pode estar reduzida a um pequeno
estabelecimento, como uma creche de uma entidade filantrópica. As
instituições sociais serão mantidas e reproduzidas nas organizações.
Portanto, a organização é o pólo prático das instituições.
O elemento que completa a dinâmica de construção social da
realidade é o grupo — o lugar onde a instituição se realiza. Se a
instituição constitui o campo dos valores e das regras (portanto, um
campo abstrato), e se a organização é a forma de materialização destas
regras através da produção social, o grupo, por sua vez, realiza as regras
e promove os valores. O grupo é o sujeito que reproduz e que, em outras
oportunidades, reformula tais regras. É também o sujeito responsável
pela produção dentro das organizações e pela singularidade — ora
controlado, submetido de forma acrítica a essas regras e valores, ora
sujeito da transformação, da rebeldia, da produção do novo.
A IMPORTÂNCIA DO
ESTUDO DOS GRUPOS NA PSICOLOGIA
Quando falamos em grupos, estamos abordando um tema que, de
certa forma, é o tema fundante da Psicologia Social. Os primeiros
estudos sobre os grupos foram realizados no final do século 19 pela
então denominada Psicologia das Massas ou Psicologia das Multidões.
Um dos primeiros pesquisadores deste assunto foi Gustav Le Bon, autor
de um conhecido tratado intitulado “Psicologia das Massas” (Psicologie
des Foules, no francês). Pode-se dizer que, de uma certa maneira, os
pesquisadores do final do século 19 foram [pg. 217]
influenciados pela Revolução Francesa2 e, mais precisamente, pelo impacto que causou
nos pensadores do século 18 (como foi o caso de Hegel). Os
pesquisadores se perguntavam o que teria sido capaz de mobilizar
tamanho contingente humano, como o que fora mobilizado durante essa
revolução.
O que se
perguntava no campo da
Psicologia era o que
levaria uma multidão a
seguir a orientação de
um líder mesmo que,
para isso, fosse preciso
colocar em risco a
própria vida. Qual
fenômeno psicológico
possibilitaria a coesão
das massas? Estas
perguntas não eram descabidas como, infelizmente, foi possível observar
2 Este fenômeno, hoje tão comum, era novidade na época. A Revolução Francesa espalhou uma vaga
revolucionária que atingiu toda a Europa, principalmente a Alemanha, ecoando até mesmo na América
Latina, com lutas de libertação nacional, como a ocorrida no Peru. A despeito do processo de
independência dos Estados Unidos da América do Norte haver ocorrido um pouco antes da Revolução
Francesa, estes dois episódios inauguraram os governos democráticos modernos.
O que pode levar uma multidão a seguir um líder?
durante o processo de ascensão do governo do 3 º Reich —Adolf Hitler
— na Alemanha, na década de 30. Este triste episódio, que levou o
mundo à 2ª Grande Guerra (de
possibilidades de manipulação das massas.
O caso da Alemanha nazista foi surpreendente porque demonstrou
até que ponto é possível produzir uma forma de hipnotismo coletivo.
Entretanto, nem sempre os episódios de mobilização popular podem ser
considerados um fenômeno irracional em que as pessoas perdem
momentaneamente sua capacidade de discernir a realidade, ficando à
mercê de um líder carismático que, na verdade, tenciona manipulá-las
em função de interesses particulares ou políticos. Hoje, sabemos que,
em diversas ocasiões, as pessoas se unem e formam massas compactas
muito organizadas e autônomas, com objetivos claros e racionais. Um
exemplo dessa capacidade de mobilização ocorreu
1984, por ocasião da campanha das Diretas Já, episódio importante para
a queda da ditadura militar. Milhões de pessoas que foram às ruas e aos
comícios estavam conscientes de sua participação. [pg. 218]
Apesar de a Psicologia Social
surgir com o estudo das massas,
será com grupos menores, os quais
possuem objetivos claramente
definidos, que se desenvolverá a
pesquisa de grupos. Esse
desenvolvimento ocorre a partir de
1930, com a chegada, aos Estados
Unidos, de Kurt Lewin — professor
alemão refugiado do nazismo.
Lewin passou a pesquisar no
Massachusetts Institute of
Technology (MIT) — um renomado
instituto americano — onde
desenvolveu a primeira teoria consistente sobre grupos. Essa teoria
influenciou tanto a Psicologia, que a partir dela surgiu um campo na
Psicologia Social denominado Cognitivismo. O trabalho de Lewin
também influenciou bastante o desenvolvimento de uma teoria
organizacional psicológica que, nas empresas, é aplicada no estudo das
relações humanas no trabalho.
A possibilidade de aplicação imediata desta teoria ao campo
organizacional impulsionou o desenvolvimento dos estudos sobre grupos
nos Estados Unidos. Tanto as indústrias quanto as Forças Armadas
investiram recursos financeiros na produção de pesquisas que
revelassem como os grupos funcionavam e como poderiam ser
motivados para o trabalho. Na década de 30, Elton Mayo realizou uma
pesquisa que se tornaria o paradigma dos estudos motivacionais na área
organizacional. Aplicada na fábrica Hawthorne, da Western Electric
Company (empresa americana de eletricidade), tinha, como objetivo,
estudar a relação de fadiga
nos operários a partir de
uma série de variações
experimentais [pg. 219]
introduzidas na relação de
trabalho, como a freqüência
de pausa para descanso, a
quantidade de horas
trabalhadas, a natureza dos
incentivos salariais. No
entanto, Mayo e seus colaboradores depararam-se com um outro
fenômeno: o das relações interpessoais (entre os operários, entre os
operários e a administração). A observação dessas relações deu novo
rumo à pesquisa, que priorizou o estudo da organização social do grupo
de trabalho, das relações sociais entre o supervisor e os subordinados,
dos padrões informais que dirigem o comportamento dos participantes
num grupo de trabalho, dos motivos e das atitudes dos operários no
contexto do grupo3. Esta pesquisa praticamente inaugurou a área da
3 Dorwin Cartwright & Alvin Zander. Dinâmica de Grupo: Pesquisa e Teoria. EPU/EDUSR São Paulo,
1975. 2 vol., 3ª reimp., p. 18.
A Psicologia contribui para o desenvolvimento do estudo
das relações humanas no trabalho.
Psicologia Organizacional e mudou, consideravelmente, o pensamento
sobre os problemas industriais.
A DINÂMICA DOS GRUPOS
Exemplos mais detalhados da teoria dos grupos elaborada por
Lewin e levada adiante por seus colaboradores podem ser encontrados
no compêndio escrito por Cartwright e Zander, editado pela primeira vez
em 1953, nos Estados Unidos. Os dois volumes trazem uma síntese de
tudo o que foi produzido sobre dinâmica de grupo a partir dos estudos
iniciais de Kurt Lewin. Exemplos de temas abordados: coesão do grupo
(condições necessárias para a sua manutenção); pressões e padrão do
grupo (argumentos reais ou imaginários, manifestos ou velados que seus
membros utilizam para garantir a fidelidade dos demais aos objetivos do
grupo e ao padrão de conduta estabelecido); motivos individuais e
objetivos do grupo (elementos que garantem fidelidade e que estão
relacionados com a escolha que cada indivíduo faz ao decidir participar
de um grupo); liderança e realização do grupo (força de convencimento
— carisma — exercida por um ou mais indivíduos sobre os outros e o
tipo de atividade exercida pelo grupo); e, por fim, as propriedades
estruturais dos grupos (padrões de comunicação, desempenho de
papéis, relações de poder etc.).
Como já foi dito anteriormente, as pessoas vivem, em nossa
sociedade, em campos institucionalizados. Geralmente moram com suas
famílias, vão à escola, ao emprego, à igreja, ao clube; convivem com
grupos informais, como o grupo de amigos da rua, do bar, do centro
acadêmico ou grêmio estudantil etc. Em alguns casos, a
institucionalização nos obriga a conviver com pessoas que não
escolhemos. Quando conhecemos nossa primeira classe no ensino
médio ou na universidade, descobrimos que vamos conviver com um
grupo de 20, 30 ou 40 pessoas com as quais — como geralmente [pg. 220]
acontece — não tínhamos nenhum contato. A essa forma de
convívio que independe da nossa escolha chamamos de solidariedade
mecânica. A afiliação a um grupo independe da nossa vontade no que
diz respeito à escolha dos seus integrantes. A solidariedade orgânica é
a forma de convívio na qual nos afiliamos a um grupo porque
escolhemos nossos pares. É o caso do grupo de amigos que se reúne
nos finais de semana para jogar futebol ou que decide formar uma
banda. A afinidade pessoal é levada em consideração para a escolha do
grupo. Nos grupos em que predomina a solidariedade mecânica,
geralmente formam-se subgrupos que se caracterizam pela solidariedade
orgânica, como é o caso das “panelinhas” em sala de aula ou do grupo
de amigos em uma fábrica ou escritório.
No campo teórico até aqui mencionado, pode-se definir o grupo
como um todo dinâmico (o que significa dizer que ele é mais que a
simples soma de seus membros), e que a mudança no estado de
qualquer subparte modifica o estado do grupo como um todo. O grupo se
caracteriza pela reunião de um número de pessoas (que pode variar
bastante) com um determinado objetivo, compartilhado por todos os seus
membros, que podem desempenhar diferentes papéis para a execução
desse objetivo.
Quando um grupo se estabelece (uma “panelinha” na sala de aula,
um grupo religioso ou uma gangue de adolescentes), os fenômenos
grupais anteriormente mencionados passam a atuar sobre as pessoas
individualmente e sobre o grupo, ao que chamamos de processo
grupal. A coesão é a forma encontrada pelos grupos para que seus
membros sigam as
regras estabelecidas.
Quando alguém
começa a participar de
um novo grupo, terá
seu comportamento
avaliado para
verificação do grau de
adesão. Os membros
mais antigos já não
A torcida organizada é um exemplo de grupo que impõe regras
para a participação de seus membros.
sofrem esse tipo de avaliação e se, eventualmente, quebram alguma
regra (que não seja muito importante), não são cobrados por isso. Ocorre
que, no caso dos membros mais antigos, é conhecido o grau de
aderência ao grupo e sabe-se que eles não jogam contra a manutenção
do grupo. Esta “certeza” da fidelidade dos membros é o que chamamos
de coesão grupal. Os grupos, de acordo com suas características,
apresentam maior ou menor coesão grupal. [pg. 221]
Uma torcida organizada de futebol, como as do Flamengo, Corinthians, Atlético Mineiro ou Grêmio (para citar algumas), exigirá de seus membros um grau de fidelidade bem forte porque necessita de um grau de coesão alto para manter o grupo. Já um grupo de jovens que participam de reuniões
religiosas nos finais de semana numa igreja católica, precisaria de
alguma coesão para manter o grupo, mas não em alto grau. Grupos com
baixo grau de coesão tendem a se dissolver, como geralmente acontece
com associações de pais
eventualmente, poucos membros participam das reuniões (por isso,
carinhosamente chamamos o grupo de “grupo dos que vêm”).
É possível notar que, de certa forma, os outros elementos, como
pressões e padrão do grupo, motivos individuais e objetivos do grupo, já
estão presentes na definição da coesão. A fidelidade ao grupo
dependerá do tipo de pressão exercida pelo grupo em relação aos
novatos e aos outros membros visando manter a concepção central, ou
seja, os objetivos que levaram à sua fundação. Os motivos individuais
são importantes para a adesão ao grupo. Alguém que pretenda ingressar
num grupo jovem de góticos (jovens que costumam andar cora roupas
escuras, visitar cemitérios, ouvir música do gênero gótico etc.) está se
dispondo, individualmente, a mudar o seu modo de ser. Outro aspecto
que envolve a individualidade é a resposta que o grupo dá às diferenças
individuais. Elas serão admitidas desde que não interfiram nos objetivos
centrais do grupo, na sua idéia central ou nas suas características
básicas. O participante de uma torcida organizada não pode querer
mudar de time (virar a casaca) e argumentar que se trata de uma
questão individual. Seria, evidentemente, excluído do grupo. Mas poderia
ir ao jogo sem a camisa do clube, argumentando não ter tido tempo de
passar em casa e se preparar. Os objetivos do grupo irão sempre
prevalecer aos motivos individuais, mas dependendo desse objetivo, as
diferenças individuais poderão ser admitidas. Quanto mais o grupo
precisar garantir sua coesão, mais ele impedirá manifestações individuais
que não estejam claramente de acordo com seus objetivos.
A questão da liderança pode representar um capítulo à parte na
discussão sobre a teoria dos grupos. Foi entre 1935 e 1946 que Kurt
Lewin desenvolveu uma teoria consistente, que avaliava o clima grupal e
a influência das lideranças na produção da atmosfera dos grupos. Lewin
argumentava que o clima democrático, autoritário ou o laissez-faire
dependiam da vocação do grupo e do estabelecimento de lideranças que
os viabilizassem. Assim, um grupo com vocação autoritária (entenda-se:
um grupo cujos membros acreditassem nesta [pg. 222]
forma de organização na sua relação grupal) necessitaria de um líder autoritário.
Um grupo democrático exigiria uma liderança democrática e um grupo
sem preocupações com sua organização, ou não teria liderança, ou teria
um líder que não lhe daria direção (seria um estilo anárquico, no sentido
mais geral do termo). O importante desta classificação feita por Lewin foi
a descoberta de que os grupos democráticos são, a longo prazo, os mais
eficientes. Já os autoritários têm uma eficiência imediata, na medida em
que são muito centralizados e dependem praticamente de seu líder. Mas
são pouco produtivos, pois funcionam a partir da demanda do líder, e
seus membros são, geralmente, cumpridores de tarefas. Os grupos
democráticos exigem maior participação de todos os membros, que
dividem a responsabilidade da realização da tarefa cora sua liderança.
Este tipo de grupo pode tornar-se mais competente ainda quando sua
liderança for emergente, isto é, quando se desenvolver de acordo com o
objetivo ou tarefa proposta pelo grupo.
Muitos foram os autores que sucederam Lewin na discussão da
estrutura e do funcionamento dos grupos. Neste livro, você tomou
conhecimento das diversas formas que podemos definir a Psicologia. O
mesmo ocorre com a definição de grupo, do qual teremos uma visão de
acordo com a teoria
aqui toda a história das definições de grupo no campo da Psicologia. Mas
algumas são muito importantes para quem quiser se aprofundar nesse
assunto, como a de Jacob Moreno (Psicodrama), a de Didier Anzieu
(vale conferir sua discussão sobre grupos), e a de W. Bion (visão
psicanalítica).
GRUPOS OPERATIVOS
Mais recentemente, o francês Pichon-Rivière, radicado na
Argentina, desenvolveu uma abordagem de trabalho em grupo (a qual
denominou “Grupos Operativos”) baseado tanto na tradição legada por
Lewin quanto nos conhecimentos psicanalíticos. De acordo com o
psicólogo Saidon, estudioso da obra de Pichon-Rivière,
“o grupo operativo se caracteriza por estar centrado, de forma explícita, em uma
tarefa que pode ser o aprendizado, a cura (no caso da psicoterapia), o
diagnóstico de dificuldades etc. Sob essa tarefa, existe outra implícita subjacente
à primeira, que aponta para a ruptura das estereotipias que dificultam o
aprendizado e a comunicação.4“ [pg. 223]
Na verdade, o grupo operativo configura-se como um modo de
intervenção, organização e resolução de problemas grupais, baseado em
uma teoria consistente, desenvolvida por Pichon-Rivière e conhecida
como Teoria do Vínculo. Tal abordagem transformou-se num poderoso
instrumento de intervenção em situações organizacionais e é muito
usada hoje
determinado grupo durante a realização de tarefas concretas e avaliar o
campo de fantasias e simbolismos encobertos nas relações pessoais e
organizacionais dos seus diferentes membros.
4 Osvaldo I. Saidon. O Grupo Operativo de Pichon-Rivière. In Baremblitt, Gregório (Org.). Grupos:
Teoria e Técnica. Graal, Rio de Janeiro, 1982. p. 183.
O PROCESSO GRUPAL
O desenvolvimento de uma Psicologia Social Crítica, a partir de
1970, levou tanto Silvia Lane quanto Martin-Baró5, cada um a seu modo,
a desenvolver uma consistente crítica aos modelos teóricos existentes.
Tal crítica procura resguardar aspectos funcionais da dinâmica dos
grupos — no que concordam com Lewin. No entanto, Lane e Baró
questionam os autores cognitivistas (os seguidores de Lewin) pela
maneira estática como enquadram o grupo. Da mesma forma,
consideram positivo o enquadramento psicanalítico, o qual leva em conta
a dinâmica interna dos grupos, criticando, contudo, a visão anistórica
destes teóricos. A teoria de Pichon-Rivière também sofrerá algumas
críticas. O fundamental nesta visão é considerar que não existe grupo
abstrato mas, sim, um processo grupal que se reconfigura a cada
momento. Silvia Lane detecta categorias de produção grupal, que define
como:
1. Categoria de produção — a produção das satisfações de
necessidades do grupo está diretamente relacionada com a produção
das relações grupais. O processo grupal caracteriza-se como
atividade produtiva de caráter histórico.
2. Categoria de dominação — os grupos tendem a reproduzir as formas
sociais de dominação. Mesmo um grupo de características
democráticas tende a reproduzir certas hierarquias comuns ao modo
de produção dominante (no nosso caso, o modo de produção
capitalista).
3. Categoria grupo-sujeito (de acordo com Lourau) — trata-se do nível
de resistência à mudança apresentada pelo grupo. Grupos [pg. 224]
com menor resistência à autocrítica e, portanto, com capacidade de
crescimento através da mudança, são considerados grupos-sujeitos.
Os grupos que se submetem cegamente às normas institucionais e
apresentam muita dificuldade para a mudança são os grupos-
5 Importante psicólogo social espanhol que desenvolveu sua obra
Central.
sujeitados.
A categoria de produção pode ser entendida como a influência
subjetiva da dinâmica do grupo no seu produto final, na realização de
seus objetivos. Mas é também o resultado da influência das relações
concretas possíveis numa determinada sociedade. Um grupo que se
organiza para formar um conjunto de rap estará, necessariamente,
submetido às condições históricas do momento de sua organização. Por
exemplo, o grupo certamente terá, como objetivo, algum ganho
financeiro, já que é um imperativo do tipo de sociedade em que vivemos
(a sociedade capitalista) a comercialização da produção social. Este fator
interfere na dinâmica do grupo, que terá de discutir a forma de cobrir as
suas despesas e a divisão do lucro. Quem compõe a música, ou quem
tem maior prestígio entre os fãs, deve ganhar mais que os outros ou esse
lucro será dividido igualmente entre todos? Conforme a decisão, poderá
surgir um tipo de hierarquia no grupo. A base da produção da hierarquia
não precisa ser pecuniária, podendo advir do prestígio de alguns
membros do grupo. O vocalista pode exigir algumas regalias, como ter
sua foto em destaque, e isso também será fator de hierarquização. Com
isso, queremos dizer que a construção das lideranças e do clima
democrático ou autoritário depende da condição histórica e concreta do
tipo de produção do grupo e de como ela se insere no contexto social.
Um grupo de rap terá algumas opções, mas o grupo formado no
escritório de uma empresa multinacional terá uma ordem de organização
determinada pelos objetivos ligados à produção daquela empresa. E aqui
já entramos na segunda categoria descrita por Lane: a dominação. A
hierarquização dos grupos de forma mais verticalizada ou horizontalizada
dependerá de como estão inseridos no sistema produtivo. De acordo
com a maneira como a sociedade define seu sistema produtivo, ela
estabelece valores sociais que, de uma maneira geral, serão
reproduzidos pelos grupos, estejam eles mais ou menos diretamente
ligados ao sistema produtivo. Assim, quando se trata do trabalho numa
fábrica, o grupo tenderá a ser bastante verticalizado (diretor, gerente,
chefe, encarregado e operários) e esta verticalização poderá ser
transferida, como valor, para o grupo familiar do operário (o pai, a mãe, o
filho mais velho e os mais novos). [pg. 225]
Entretanto, existe a possibilidade de o grupo (ou alguns de seus
membros) exercer a negação deste processo de imposição social (na
realidade, é isso que cria uma dinâmica social mais rica e variada).
Chegamos à terceira categoria: grupo-sujeito. O grupo-sujeito é aquele
que critica as formas autoritárias de organização e procura estabelecer
uma contranorma. Isto somente é possível quando o grupo consegue
esclarecer a base de dominação social, historicamente determinada, e
encontra formas de organização alternativas (como é o caso das formas
autogestionárias de organização grupal).
Texto complementar
DIMENSÃO ÉTICO-AFETIVA DO ADOECER DA CLASSE TRABALHADORA
Promover a saúde equivale a condenar todas as formas de
conduta que violentam o corpo, o sentimento e a razão humana gerando,
conseqüentemente, a servidão e a heteronomia. Segundo Betinho,
coordenador da atual Campanha contra a Fome no Brasil: “O brasileiro
tem fome de ética e passa fome por falta de ética”.
Por isso, no âmbito desta reflexão, retoma-se o conceito de
“sofrimento psicossocial6“, apresentado no capítulo 3 da 1ª parte, para
analisá-lo à luz de uma pesquisa participante realizada em uma favela da
cidade de São Paulo, onde o referido conceito apareceu,
metaforicamente denominado “tempo de morrer”.7
A pesquisa tinha como objetivo analisar o processo da consciência
das mulheres que viviam em condições subumanas e sofriam o desprezo
público, sendo discriminadas como o rebotalho da classe trabalhadora,
um aglomerado sujo, preguiçoso, incapaz de perceber o próprio
6 Sofrimento psicossocial é aqui entendido como sintoma de uma das carências mais profundas da
modernidade: não saber conviver com a diferença, não reconhecer que nossa integridade depende da
integridade alheia, permitindo que o conflito atinja o ponto de ameaçar a sobrevivência de todos. (José
Gianotti. Folha de S. Paulo, 10/10/1993. Tendências e Debates)
7 Mais uma expressão que se soma às citadas no capítulo 3, p. 50-51, para referir-se ao sofrimento
psicossocial, como zero afetivo, servidão voluntária, desamparo, doença dos nervos, alienação.
sofrimento, sendo, por isso, quase impossível acordá-las de seu torpor.
Mas essas mulheres surpreenderam a sociedade ao organizarem e
participarem de movimentos que conseguiram promover, apesar de
restritas, mudanças na atitude do poder público municipal em relação à
favela.
A análise da consciência revelou o processo psicossocial através
do qual as mulheres são atingidas tanto na sua integridade física quanto
psíquica e que não há possibilidade de dizer que danos físicos causam
mais sofrimento que danos mentais e, portanto, sejam mais relevantes
no processo saúde-doença.
Desde pequenas, essas mulheres sofrem a falta de amparo
externo real (falta de controle absoluto sobre o que ocorre) e a falta de
amparo subjetivo (falta de recursos emocionais para agir). Adquiriram,
nas relações sociais cotidianas, a certeza da impossibilidade de
conquistar o objetivo desejado e desenvolveram a consciência de que
nada podem fazer para melhorar seu estado. Desde cedo, aprenderam
que lutar e enfrentar é um processo infrutífero e, as que ousaram,
receberam como prêmio mais sofrimento. [pg. 226]
Assim, o pensar descolou-se do fazer e tornou-se sinônimo de
tristeza e medo. Para elas, pensar é sofrer, é tomar conhecimento da dor
e da miséria, e o agir é infrutífero. São mulheres submetidas à “disciplina
da fome” (Dejours, 1988), têm o tempo todo tomado pela luta incessante
para a manutenção da vida, sem o conseguir dignamente. O trabalho
estafante redunda em nada para elas e para os filhos. Um trabalho que
deixa um gosto amargo na boca.
Para referirem-se a este estado subjetivo e objetivo que foi
descrito, as mulheres faveladas usam a expressão “tempo de morrer” em
contraposição ao “tempo de viver”, recorrendo a uma marcação temporal
afetiva para dividirem suas histórias de vida e assim redistribuírem,
emocionalmente, diferentes parcelas do tempo biológico e cronológico.
Em todos os relatos, o tempo de morrer é um tempo na voz
passiva. Nele as pessoas não têm poder nenhum sobre si e sobre os
acontecimentos. A imagem mais usada para descrevê-lo é a de prisão,
cujas grades são as relações que compõem o cotidiano das pessoas que
a representam.
O “tempo de morrer” é caracterizado pela falta de recursos
emocionais, de força para agir e pensar e pelo desânimo em relação à
própria competência. É um auto-abandono aos próprios recursos
internos, e a consciência de que nada se pode fazer para melhorar seu
estado. É a cristalização da angústia.
O comportamento emocional que caracteriza o tempo de morrer
pode ser definido como um estado letárgico de apatia, que vai ocupando
o lugar das emoções até anulá-las totalmente, um estado de tristeza
passiva que transforma o mundo numa realidade afetivamente neutra,
reduzindo o indivíduo ao “zero afetivo” (Sartre, 1965:60) e ativo.
No “tempo de morrer”, o sofrimento é a vivência depressiva que
condensa os sentimentos de indignidade, inutilidade e desqualificação.
Ele é dominado pelo cansaço que se origina dos esforços musculares e
da paralisação da imaginação e do adormecimento intelectual necessário
à realização de um trabalho sem sentido e que não cumpre sua função
de evitar a fome.
Para a maioria delas, o início da vida não coincide com o momento
do nascimento, mas com o início do “tempo de viver” que é a superação
do “tempo de morrer”, ao qual estão aprisionadas desde o nascimento.
“Tempo de viver” é o tempo de agir com mais coragem e audácia,
é tempo em que se despertam as emoções, quer sejam elas positivas ou
negativas.
O “tempo de viver” não se confunde com o viver bem, ele é um
tempo de convite à vida, mesmo sendo uma vida sofrida. E o momento
da transformação das relações objetivas que aprisionam as emoções, a
aprendizagem, a humanidade e a sensação de impotência se transforma
em energia e força para lutar. Tempo de viver não é o tempo do
desaparecimento da angústia, aliás nunca se chega a isto. Trata-se de
tornar possível a luta contra ela, para resolvê-la, e ir em direção a outra
angústia. (Dejours, 1986)
A passagem do tempo de morrer para o tempo de viver não é dada
por um acontecimento ou por uma mudança de atividade. Estes fatos
podem colaborar, mas o fundamental é a mudança na relação entre o ser
e o mundo, é o restabelecimento do nexo psico/fisiológico/social
superando a cisão entre o pensar/sentir/agir.
Para que ocorresse essa transição na vida das mulheres faveladas
foi preciso um princípio de força, que elas encontraram nas atividades a
que se dedicaram: nas aulas de artesanato na Associação dos
Moradores, e nos movimentos reivindicatórios. Uma vez vislumbrado
esse princípio de força, liberam-se as emoções e o desejo. A sensação
de impotência pode repentinamente se transformar em energia e força de
luta.
Bader Burihan Sawaia. Dimensão ético-afetiva do adoecer da classe trabalhadora.
In: A/ovas veredas da Psicologia Social. São Paulo, EDUC/Brasiliense, 1995. [pg. 227]
Questões
1. Qual a função das regularidades do cotidiano?
2. Como e através de que ocorre a mediação entre a realidade objetiva e
o indivíduo?
3. Como “algo” se institucionaliza?
4. O que é instituição?
5. Qual a finalidade do processo de institucionalização?
6. Por que a Psicologia passa do estudo das massas para o estudo dos
pequenos grupos?
7. No início do século 20, qual era a perspectiva da Psicologia social
cognitivista para o estudo dos grupos?
8. Qual a relação entre instituição, organização e grupo social?
9. Como se define o processo grupal?
Atividades em grupo
Discutam as três categorias do processo grupal propostas por
Silvia Lane avaliando o processo grupal que representou a passagem do
“tempo de morrer” para o “tempo de viver”, exposto no texto
complementar de Bader B. Sawaia.
Bibliografia indicada
Para o professor
O livro Psicologia social: o homem em movimento, organizado
por Silvia T. M. Lane e Wanderley Codo (São Paulo, Brasiliense, 1984), é
uma coletânea de artigos sobre temas em Psicologia social, em que se
encontra o texto “O processo grupal”, de Silvia Lane.
Sobre grupos sociais, existe o manual de Cartwright e Zander,
Dinâmica de grupo: pesquisa e teoria (São Paulo, Herder, 1967), que
aborda os processos e fenômenos de grupo, com o relato detalhado de
experimentos e pesquisas na área. É um excelente livro de consultas
para o professor no que tange à tradicional Psicologia Social cognitivista.
Sobre a construção da realidade social, temos Peter Berger e
Thomas Luckmann, A construção social da realidade (Petrópolis,
Vozes).
Sobre a Psicologia Institucional, recomendamos Cregório
Baremblitt, Compêndio de análise institucional (Rio de Janeiro, Rosa
dos Tempos, 1992); Osvaldo Saidon e Vida Rachel Kamkhagi, Análise
Institucional no Brasil (Rio de Janeiro, Rosa dos Tempos, 1991); e
René Lourau, Análise institucional (Petrópolis, Vozes, 1988).
Filmes indicados
O selvagem da motocicleta. Direção Francis Coppola(EUA, 1983)
Vidas sem rumo. Direção Francis Coppola (EUA, 1983)
Filmes sobre gangues de jovens americanos, que falam de
conflitos gerados pela ruptura institucional, pelas crises nos grupos. [pg.228]
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